Turista (4)
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Turismo - A epopeia portuguesa por excelência Turista é a mais recente encarnação musical de Hugo Vinagre. No entanto, é, simultaneamente, a mais antiga, pois usa registos áudio captados entre finais de 1999 e 2003. A estreia é feita na editora Discos Extendes com o ep «Todos os Pássaros são meus Amigos». Em meados de 1999, aquando do encerramento do clube Alcântara-Mar, Vinagre entra numa profunda crise existencial. A sua vida de então resumia-se a dançar durante três dias e a dormir outros três, sobrando um dia da semana para fazer máquinas de roupa e jogar Metal Gear Solid. Com o encerramento da sua catedral do baile, vê-se privado desta rotina e a sua vida deixa de fazer sentido, entrando num marasmo semelhante a passar uma tarde na Caixa Geral de Depósitos. Cansado de olhar para as paredes e de não ouvir build ups de quatro minutos em músicas do Josh Wink, percebe que precisa de inventar novos motivos para viver. Era óbvio que necessitava de uma viagem de redescoberta exterior - porque da interior já conhecia tudo, inclusivamente o colo do útero, a laringe e a traqueia alheia. Decide então rumar para sul, na esperança de encontrar o seu exterior desconhecido. Sai de casa com o mínimo de pertences possível: doze contos, a roupa do corpo, um bordão para afastar os hippies e um gravador de cassetes com o «Surfer Rosa» dos Pixies num dos lados da cassete e o «Wave» do António Carlos Jobim do outro. Para que fique registado, a cassete era uma SONY CMII Chrome Maxima, bem melhor que as BASF Ferro Super que também eram bastante populares na altura. Faz-se à estrada e ao chegar perto de Aljustrel, no meio de uma seara, vê o que lhe parece ser um pombo envolvido numa zaragata com um coelho. Aproxima-se, para tentar acalmar os animais, e percebe que o pombo era, afinal, um falcão peneireiro. Esta espécie de falcões é de dimensões bastante reduzidas e caça, normalmente, pequenos insectos. No entanto, este era extremamente destemido e tinha resolvido caçar coelhos, estando , por isso, a levar uma monumental carga de porrada. Vinagre separa os animais e salva o falcão de morte certa. Segue o seu caminho e passados uns bons 80 kms, já quase a chegar ao Algarve, percebe que o falcão peneireiro o estava a seguir. Acenou-lhe e o Ernesto - nome com que o batizou - desceu das alturas e pousou-lhe na cabeça. Foi início de uma bonita amizade que ainda hoje perdura. Ao chegar ao Algarve passa alguns dias em Albufeira, às custas da boa vontade de duas turistas alemãs. Não era fácil espalhar creme Nivea nas costas frondosas daquelas gigantes da baviera, mas algumas gotas de GHB misturadas com mojitos e caipirinhas conseguiam fazer milagres. Recupera energias e faz-se novamente à estrada com destino a Gibraltar, pois o objectivo principal desta viagem era atravessar África de Oeste a Este, passar pelo Médio Oriente e rumar em direcção à Índia - o país supra-sumo do conhecimento exterior. Chega a Gibraltar era noite cerrada e sem um tostão no bolso. Os doze contos há muito que tinham acabado. Os últimos escudos tinham sido investidos a jogar flippers, na rua dos bares, em Albufeira, a tentar ganhar a simpatia das turistas alemãs. Sem forma de pagar a viagem para atravessar o estreito, percebe que a única forma de o fazer de borla seria a nado. Por sorte, encontra umas braçadeiras do meu pequeno pónei abandonadas na praia que o ajudaram na travessia até Marrocos. Fez a travessia a nadar apenas com um braço, pois o outro ia erguido no ar a segurar o gravador de cassetes que tocava o "River Euphrates" dos Pixies. Pareceu-lhe adequado para o momento embora, geograficamente, não houvesse qualquer tipo de relação entre o estreito de Gibraltar e uma música que fala de descer o rio Eufrates montado num pneu. Chegado a Marrocos, embrenha-se na deserto do Saara, onde viveu durante dois anos com uma tribo berbere. Aí aprendeu os dialectos locais e novos passos de dança que envergonhariam qualquer raver europeu. Ali os homens dançavam com as ancas. Na Europa as coisas eram bastante diferentes, dançar com as ancas era visto como algo efeminado e, ao que parece, os homens têm medo de serem tomados por paneleiros. Numa dessas noites de baile, conheceu a filha do presidente da junta e embora não tenha sido amor à primeira vista, foi um affair muito bonito e relativamente satisfatório para ambas as partes. Um pouco conveniente até, para quem não tinha um chavo e estava a passar fome. Durante esses dois anos, Vinagre, viu-se obrigado a apagar o álbum do Jobim da única cassete que tinha porque sentiu necessidade de gravar os cantos e rituais berberes que, mais tarde, viriam a ser usados neste ep que é agora editado pela Discos Extendes. Inicialmente a ideia era ficar a viver no Saara por tempo indefinido, mas o tédio e a rotina acabaram por dominar uma relação que nunca teve pernas para andar. Durante uma noite do mês de Agosto de 2001, Vinagre, diz à filha do presidente da junta que tem de abandonar o acampamento por ter sentido um chamamento divino durante um sonho. Ela acreditou, sem sequer o questionar a facção religiosa da epifania. Em troca pede-lhe apenas que façam amor toda a noite uma última vez. Ele aceitou, mas não cumpriu, adormecendo na primeira meia hora. Chega ao Médio Oriente, tropeça numa pedra e faz amizade com uma tribo nómada que vivia nos arredores de Petra, na Jordânia. Aí passou 6 meses a domar cavalos selvagens durante o dia e a trabalhar a dias à noite. Trabalhar ao sol durante horas a fio transformou-lhe a pele numa espécie de couro dourado, reluzente que era possível de ver até na escuridão da noite. Havia quem lhe chamasse Shams Muntasaf Allayl, que pode ser traduzido como «O Sol da Meia-Noite». Durante esse período o Ernesto pariu dois ovos e ficou-se a saber que, afinal, era um falcão fêmea. Ele / Ela nunca se queixou do nome que lhe foi dado e, por isso, continuou a ser tratada por Ernesto. Mais uma vez, apaixonado pela cultura e cânticos locais, vê-se obrigado a apagar metade do "Surfer Rosa" dos Pixies para poder registar sons das noites de baile animal e, por vezes, até vegetal que fazia com os nómadas. A sua missão, ali, estava cumprida. Era tempo de partir novamente. Ao chegar a Nova Deli, no norte da Índia, conhece Shanti Lee Lopes - uma mulher nascida na Póvoa de Varzim, filha de uma mãe indiana e um pai Português - com quem teve dois filhos, que nunca assumiu. A dada altura, acaba-se o dinheiro que juntou a domar cavalos e a aspirar tendas, e Shanti diz-lhe que amor e uma cabana não iria ser suficiente. Parte, então, para o sul, mas evita chegar-se perto de Goa com receio de reencontrar os seus amigos drogados do trance, que agora estavam todos a viver na Índia. Tinham ouvido dizer que a keta por lá era barata. Escolhe Bombaim como destino e assim que chega, começa a perguntar-se onde estaria o conhecimento exterior que se tinha proposto a encontrar. Teria a sua viagem sido em vão? Estariam todos os professores Karamba errados sobre as propriedades esotéricas e esclarecedoras da Índia? Após um breve momento de pânico, percebe que alcançou o objectivo da sua viagem, não por ter chegado ao fim do seu percurso, mas por o ter encontrado durante o trajecto. Ser turista é querer partir e não chegar. Afinal, não era preciso ter ido à Índia para chegar a esta conclusão, qualquer foda a pastilhar lhe poderia ter mostrado que mais importante do que chegar ao destino é apreciar a viagem. Resumindo: viajou muito, gravou muita coisa, teve de apagar o resto do álbum do Pixies, abandonou dois filhos na Índia e voltou a Portugal para gravar este EP com vozes, ritmos e sons de aves raras que encontrou no seu caminho.
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Miguel Torga (2)
Early Jacker
Sétima Dimensão